Na última sexta-feira, 25 de outubro saiu uma entrevista com a Gisela Rodriguez, no ZH Zona Sul. Ela é autora do livro Entre a neve e o deserto que será lançado em 2014 pela Libretos, vejam:
25 de outubro de 2013 | N° 17594
O NOME - GISELA RODRIGUEZ
Assim nasce uma escritora
Após trabalhar com teatro e cinema Brasil afora, moradora da
Vila Assunção se prepara para lançar o primeiro romance
Em uma casa-conceito erguida em um terreno de esquina a
poucos metros das águas do Guaíba, Gisela Rodriguez dá as últimas pinceladas no
seu primeiro romance. A vasta biblioteca do já falecido pai e a companhia das
obras de arte espalhadas pelos amplos cômodos se tornaram o palco ideal para
mergulhar no universo dos capítulos.
Aos 48 anos, a porto-alegrense que já atuou como roteirista e diretora deixou
as telas e os palcos para se dedicar às letras. Agora, conta os dias para dar à
luz o livro batizado de Entre a Neve e o Deserto – que será lançado em março
pela editora Libretos.
Cidadã do mundo, Gisela reconhece a Vila Assunção como lar. Pudera: mudou-se
para o bairro aos dois anos de idade e de lá só saiu para estudar teatro na
Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Daí em diante, passou a
desenvolver a veia artística em cursos por São Paulo, Londres e Israel. Dirigiu
filmes, montou uma banda de rock, desenvolveu roteiros, pintou quadros e
escreveu contos – mas, um belo dia, resolveu mudar.
– Chegou um momento que eu pensei: quer saber? Vou tirar tudo que eu já escrevi
do baú e encarar – recorda.
Foi a desilusão com a indústria cinematográfica que direcionou a carreira da
então diretora para a literatura. Logo de cara, foi aceita em uma coletânea de
contos em São Paulo com o texto Moedas Para o Barqueiro. Mas decidiu ir atrás
de um trabalho autoral que desse conta de tudo que já havia estudado ao longo
da vida. Em 2010, deletou sua conta do Facebook e desligou por tempo
indeterminado o celular. Isolou-se do mundo para amalgamar-se das letras.
– A literatura é o meu dia a dia, estou sempre produzindo e não dependo dos
outros para trabalhar. Ela me completa. Todas as minhas angústias, críticas,
incertezas e opiniões sobre as relações com as pessoas e o mundo desapareceram
porque comecei a colocar tudo na escrita. Fiquei zen – completa a escritora.
Foram quase três anos gestando o romance e desenvolvendo um roteiro que
cumprisse com a mensagem que procurava traduzir: a efemeridade da vida. Por
meio da culpa vivida pelo protagonista após passar por uma experiência
traumática, a história viaja na batida de bandas de rock, experiências com
drogas e dramas existenciais – e alguns episódios a autora garante ter vivido
na própria pele.
– Quis mostrar que todos temos os nossos vícios e que isso é humano. Minha
ideia era falar da morte e do quanto somos presos a leis e regras, mas que, no
fim, nada disso fica – resume a autora.
25 de outubro de 2013 | N° 17594
O NOME GISELA RODRIGUEZ
No sossego da terra natal
Com residência fixa no Rio de Janeiro, Gisela retornou à
casa onde cresceu na Vila Assunção há dois meses, na companhia do filho de 10
anos, Leon, justamente para finalizar a obra. Depois de já ter morado em pelo
menos quatro cidades diferentes, cogita manter as raízes na região onde nasceu:
– Sempre fui inquieta, mas, desta vez que voltei para Porto Alegre, falei para
a minha mãe: minha alma é gaúcha, é porto-alegrense, mas, mais do que isso, é
da Vila Assunção. Quero viajar pelo mundo sempre, mas não quero mais sair
daqui.
A escassez de edifícios, a presença de uma natureza nem tão planejada e a
ausência de um tom aristocrático são os predicados que a atraem na região.
Gisela gosta do fato de as pessoas viverem em espaços grandes no bairro, mas
sem ostentação. Como boa moradora da Zona Sul, admira o espetáculo diário do
horizonte.
– É clichê, mas eu adoro o pôr do sol no Guaíba – conta.
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